domingo, 28 de junho de 2009

Cansei

Para começar esse post, devo dizer que não me sinto revoltada. Pelo contrário, estou tranquila. E estou assim porque decidi me livrar de vez das minhas amarras e das situações que, de certa forma, criam falsas expectativas.

Eu sempre acreditei muito. Não só em pessoas, mas em sensações, intuições e situações. Sempre tive fé na popular frase "se não deu certo, não era o final". Mas, hoje, acordei. Acordei e vi que isso não é nem de longe a verdade. Talvez em Hollywood, mas não da vida real. A verdade por aqui é: "Se não deu certo, era sim o final. Se vire com isso."

O problema é que, pelo menos no campo amoroso, estou cansada do ciclo vicioso de cair, levantar e recomeçar. Cansei de ser meu próprio cavaleiro na armadura reluzente. E cansei de esperar por um apropriado (não, eu não tenho síndrome de princesa em perigo e isso foi só um jeito de falar). Sendo assim, eu desisto.

Mas, devo dizer que não é apenas disso que estou abrindo mão.

Eu desisto de acreditar que boas coisas vão acontecer. Você fica lá esperando uma palavra, um gesto, uma luz ou qualquer coisa, mas nada disso vem. Nunca.

Eu desisto de achar que o mundo é um bom lugar, porque não é. Poucas são as pessoas que
levam as coisas a sério, que são boas ou querem ajudar.

E, principalmente, eu desisto de acreditar no amor. Não em todo tipo de amor. Apenas naquele amor apaixonado de livros ou filmes. Quando cito livros e filmes, tenho a consciência de que nada é perfeito como é descrito nas páginas e cenas. Estou me referindo ao sentimento, àquela coisa única que faz as pessoas sentirem vontade genuína de estarem juntas por qualquer que seja a duração disso.

Não estou sendo amarga. Só quero ser mais realista. Colocar os pés no chão e parar de sonhar com gestos, declarações, danças, surpresas e tudo o que vem com isso que chamam de amor.

Eu cansei...

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Nostalgia

Estava aqui olhando fotos no computador, quando me deparei com uma em particular. Sabe quando você vê uma foto e tudo volta? Os cheiros, as imagens, as texturas? Foi assim quando vi essa aí embaixo.


Essa imagem completa 21 anos agora em 2009. As pessoas nela? Minha avó, a D. Geralda, e meu irmão.

Essa mulher foi uma guerreira. Mãe de nove filhos, sendo que dois deles morreram ainda bebês. Dos sete que viveram, um deles é meu pai. De sete, apenas uma mulher. Eles não eram lá o que se pode chamar de exemplo. Minha tia era mais sossegada. Os irmãos... Não eram tão tranquilos assim. Não eram pessoas ruins, muito pelo contrário, mas eles aprontavam absolutamente tudo, desde andar em cima de ônibus a espiar uma prima tomando banho. Coisas de menino. Mas minha avó criou todos com a mesma dedicação e carinho. Coisas de mãe.

Olhando a foto aí, as primeiras imagens que vem à memória são as de brincadeiras com os primos: a "arrastação" de cadeiras na salinha das samambaias, o enrosca-enrosca nas cortinas (das quais me lembro da textura até hoje), os desenhos na televisão, os roubos de açúcar cristal da despensa, as aventuras até o telhado, as conversas na escadinha para o terraço, as corridas no minúsculo espaço da entrada da casa, os jogos na rua, as histórias mirabolantes sobre monstros que habitavam o quartinho que meu tio usava como ateliê... São tantas as memórias! Depois disso, vem o pão com mortadela de lanche da tarde e o macarrão cheio de molho feito pela vovó (o cheiro era inigualável). A deliciosa rotina culinária de todo santo domingo. A seguir, vem a lembrança das broncas das tias, ou porque estávamos correndo demais, ou fazendo barulho demais, ou vendo televisão perto demais.

Nessa casa da foto é que eu comecei a sonhar em ser alguma coisa na vida. Na época, meu sonho estava mais para sonho mesmo: queria ser Paquita da Xuxa. E um dos meus tios vivia me incentivando. Eu achava isso o máximo! Ele era o meu tio favorito e tudo o que falava para mim era de extrema importância. Até hoje, nos raros encontros que ainda temos, ele pergunta se ainda ensaio para ser Paquita. Coisa de tio.

Falando agora da minha avó... Eu e D. Geralda nunca fomos muito próximas. Ela sempre foi muitíssimo reservada. Nunca entendi os motivos dela e até senti uma certa raiva quando era pequena. Minhas amigas contavam conversas com a avó, os presentes que ganhavam, os colos que recebiam, os doces fora de hora... Essas coisas que só uma avó faz por você. Eu nunca tive isso com ela. Hoje eu entendo que ela me amava e era só questão de jeito de ser. Mas demorou muito para isso acontecer.

As lembranças mais nítidas que tenho dela são dos dias que ela passou na minha casa quando esteve doente. Embora sejam de épocas ruins, essas memórias são boas. Lembro da Cremogema de toda noite e de assistir, de longe, ela e minha mãe em longas conversas. Eram os raros momentos em que eu a via sorrir. Minha avó sempre gostou muito da minha mãe e da dedicação e atenção que ela dava e o sentimento era mútuo.

Minha avó morreu em 1996, no ano em que eu, meu irmão e meus pais mudamos para Belo Horizonte. Não compareci ao velório e nem ao enterro. O que os olhos não vêem o coração não sente? Sente sim... Em menor intensidade, mas sente. Hoje bateu "saudadinha" dela e desse tempo. Uma pena a vida não dar uma chance de revivermos certas coisas...

terça-feira, 16 de junho de 2009

Tudo novo de novo

Resolvi criar um novo blog. Influência de leitura de blogs alheios. Já tive 500 desses, mas nunca dei continuidade por vários motivos. Eis o principal: eu sempre escrevi sobre o que sentia em relação aos outros e parava de escrever quando me decepcionava com os meus objetos de afeição. É... Eu não sabia muito bem separar as coisas (assumir erros é um bom começo). Ainda não sou expert nisso, mas acho que aos poucos vou aprendendo.

Pois bem... Sempre comecei com posts engraçadinhos ou alegres e hoje vou começar com algo não tão legal assim. Talvez, falando o que realmente está na minha cabeça eu consiga dar continuidade a este blog. Então, o tema é desemprego.

Não vou ser hipócrita. Tem lá seu lado bom. Eu posso ler mais, ouvir mais músicas, passear durante a semana, praticar exercícios, não ter horário para dormir ou acordar. E só. Os privilégios acabam por aí. Não é fácil estar nessa vidinha idiota de desocupada. Acha que é? Você queria folga? Troque comigo. Fique o dia inteiro enviando currículos para as mais diversas empresas do Estado de São Paulo e do Rio de Janeiro. Vá para uma cidade desconhecida bater de porta em porta e entregue currículos nas garagens dos prédios, ou, simplesmente, dê com a cara na porta. Fique de um lado para o outro da casa caçando o que fazer. Fique irritado toda vez que precisar pedir dinheiro a seus pais. Fique deprimido toda vez que não conseguir acompanhar seus amigos a algum lugar, apesar da insistência, e não puder por falta de dinheiro. Perca shows de artistas e bandas favoritas também por não ter dinheiro. Sinta-se inútil porque parece que nenhuma empresa quer você. Sinta-se burro pelo mesmo motivo.

Não, isso não é drama. É a realidade. É a minha realidade. Não é todo dia que essas coisas passam pela cabeça, mas com o tempo elas visitam o pensamento com mais frequência do que é necessário ou suportável. É como dizem: "cabeça vazia, casa do diabo". Eu falei de dinheiro aqui, mas não é tanto por isso. É mais algo como poder começar a minha própria vida, sair da barra da calça paterna e da saia materna e poder ter algo realmente meu. Poder sentir orgulho de mim mesma. Sentir que eu sou capaz, que posso realizar coisas.

Realização lembra uma coisa... Traz a palavra experiência. E essa é a pedra no meu sapato. O que me deixa realmente decepcionada e indignada com as empresas é quando elas pedem experiência. Meu Deus!! Como eu vou ter vivência no cargo se ninguém dá uma oportinunidade?! Acabei de me formar na faculdade, só fiz estágios e mesmo assim, exigem experiência de mim. Alguma coisa está errada e tenho certeza que essa não é uma opinião só minha.

Belo primeiro post... Suuuper otimista, né? Vamos deixar as coisas mais light agora. Apesar disso tudo que eu acabei de falar, ainda tenho esperança de poder começar a trabalhar em breve. No final, o que importa mesmo é não perder a fé de que tudo vai caminhar para o lugar certo. É deixar que dias como os de hoje passem e que o entusiasmo e a vontade de crescer voltem a tomar conta.